23 de junho de 2012

Resenha: O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental


BORGES, Maria Aparecida Quadros. BRAGA, Jezulino Lúcio Mendes. “O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental” (Professores do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais)

O texto apresentado trata-se de uma resenha crítica reflexiva, desenvolvido por Cláudio de Aguiar[1] partindo da análise do texto “O ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental”, de Maria Aparecida Quadro Borges e Jezulino Lúcio Mendes Braga, na perspectiva de adquirir e construir conhecimento de como trabalhar com a disciplina de História nesse nível de ensino, estendendo esse conhecimento para a formação acadêmica e profissional do mesmo.

Correlacionando os estudos de outras disciplinas desenvolvidas em sala de aula através de discussões, debates e pesquisas à reflexão desenvolvida através da leitura do texto anteriormente mencionado, podemos perceber que assim como a Educação Brasileira, o ensino da disciplina História, sofreu os seus altos e baixos, devido aos fortes interesses políticos e ideológicos da elite e do governo que regia a sociedade brasileira no período em que a mesma foi implantada no Brasil como disciplina escolar.

O texto de BORGES e BRAGA nos traz como idéia central a disciplina História como um campo de pesquisa e produção do saber, onde os alunos serão desenvolvidos como sujeitos conscientes, críticos e reflexivos e autônomos não só à prática da cidadania, como também em todo o contexto histórico da formação da sociedade brasileira em todos os seus aspectos. Segundo BRAGA e BORGES o principal objetivo no ensino de História é compreender e interpretar as várias versões do fato e não apenas memorizá-los. Esta afirmação dos autores foi um dos pontos do texto que mais mim chamou a atenção, durante a minha vivência no ensino fundamental e médio fui condicionado à um método de ensino onde aprender História era memorizar datas e fatos, transcrever o que estava no livro para o caderno, sem precisar refletir sobre o fato que estava em discussão  para adquirir uma melhor compreensão da importância do mesmo para a formação social e cultural do país.

Não diferente da Educação Brasileira, a História nacional teve seu modelo a ser seguidos através da hierarquização de alguns fatos históricos considerados como marcos fundadores da História do Brasil. De fato, essa hierarquização, essa organização dos fatos, dos conteúdos a serem estudados pela a História não deixaria de refletir sobre o currículo da escola. “A primeira condição para que um ser possa assumir um ato comprometido está em ser capaz de agir e refletir” (FREIRE, 1979), é a partir do agir e do refletir que o indivíduo começa a desenvolver o processo de mudanças. Por tanto as escolas devem estar sempre atentas na construção do seu currículo e nas particularidades de suas propostas curriculares.

Para Tomaz Tadeu da Silva (1999), o currículo é considerado um artefato social e cultural, não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social, não é um elemento transcendente e atemporal, ele tem uma história, vinculada a formas específicas e contingentes de organização da sociedade e da educação. Assim não é diferente com a História, ambas possuem determinações sociais de sua história, de sua produção contextual, assim como o currículo a História é um campo que está sempre em processo de formação, construção e desconstrução e ambas devem estar abertas as novas mudanças sociais e as necessidades exigidas pelas novas clientelas. Porém a História por muito tempo não era vista desse jeito, sendo até mesmo substituída por outra disciplina no currículo escolar.

Outro fato interessante mencionado no texto é que por algum tempo a história não se preocupava em trabalhar com as questões sociais, com os conflitos atuais existente na sociedade brasileira, a história não era espaço para discussões dos problemas brasileiros, fugindo totalmente da realidade do aluno vetando toda a possibilidade de haver um convívio escolar. “O convívio escolar refere-se a todas as relações e situações vividas nas escolas dentro e fora da sala de aula, em que estão envolvidos direta ou indiretamente todos os sujeitos da comunidade escolar[2]”.

Para LIBÂNEO (1994), o professor deve ter conhecimento das características sociais, culturais e individuais dos alunos, bem como nível de preparo escolar em que se encontram. Conhecer as possibilidades intelectuais dos alunos, seu nível de desenvolvimento, suas condições prévias para o estudo de matérias novas, experiências da vida que trazem. Daí a importância do diálogo perpétuo entre professor e aluno antes do desenvolvimento de toda e que qualquer atividade. Sendo assim ensinar História não é decorar datas e fatos históricos, mas, refletir sobre o mesmo, substituindo o onde, o quem e o quando pelo o quê, pelo o porquê, e como aconteceu, para que realmente aconteça uma aprendizagem significativa no qual não somente nós enquanto educadores, como também o nosso educando possa discutir sobre qualquer determinado fato de forma crítica e reflexiva, atuando de forma ativa no exercício da cidadania em toda sociedade.

   

Referências:

SILVA, Tomaz Tadeu da. -  Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do Currículo / 3. Ed. - Belo Horizonte: Autêntica, 2009. 156p.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Prefácio de Moacir Gadotti e tradução de Lilian Lopes Martin. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1979, 79 p.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática – São Paulo: Cortez, 1994, - (Coleção magistério. Série formação do professor).





[1] Licenciando em Pedagogia da Faculdade Dom Pedro II. cauaguiargadita@hotmail.com
[2] BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Apresentação dos tema transversais e ética. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: Mec. SEF. 2001. P50.


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