23 de junho de 2012

Resenha: Caminhos do ensino de ciências no Brasil


KRASILCHIK, Myriam. Caminhos do ensino de ciências no Brasil. In: Em Aberto. Enfoque: Qual é a questão? Brasília, ano 11; n° 55 Jul/Set, 1992. (4 a 8).

Por: Cláudio de Aguiar[1]

O presente texto trata-se de uma resenha crítica e reflexiva, partindo da leitura do texto “Caminhos do Ensino de Ciências no Brasil” de Myriam Krasilchik, o qual será aqui discutido e relacionado com outros conhecimentos adquiridos e construídos pelo autor enquanto educando ao longo da sua formação acadêmica e, também aprofundado com pensamentos de outros autores e bibliografias reconhecidos pelo mundo acadêmico.
O texto de Krasilchik (Caminhos do Ensino de Ciências no Brasil) traz uma reflexão sobre as inovações e tentativas de melhoramento do ensino de ciências não só no Brasil, mas também em outros países em que o mesmo se relaciona e como isso tem afetado o currículo educacional não só da ciência, mas, também de todas as outras disciplinas científicas. Afetando ainda outros níveis de escolaridade como escola básica primária e cursos universitários, além de atingir vários tipos de instituições, dentre elas, organizações de escopo internacional como a UNESCO e a OEA, Ministério de Educação e Ciências e Secretarias de Educação de Estados e Municípios de vários países em diferentes regiões do mundo.

Além de abordar diversas questões a autora traz como idéia central a necessidade de reformulação no ensino de ciências, para que de fato ocorra a educação em ciência para todos e não para uma elite, educação essa, no qual através da ciência o educando possa aprender a exercer a cidadania e, que ele seja capaz de opinar e agir, que seja oferecido a ele (o educando) um ensino no qual o professor venha prepará-lo para também participar dos processos decisórios relativos ao desenvolvimento científico e tecnológico da comunidade em que ele atua. E isso requer uma reformulação, uma revisão mais aprofundada no currículo educacional do ensino de ciências sem medo de ser contestado.

Pois, para Tomaz Tadeu da Silva (2009), o currículo não é o veículo de algo a ser transmitido e passivamente absorvido, mas o terreno em que ativamente se criará e produzirá cultura. O currículo é, assim, um terreno de produção e de política cultural, no qual os materiais existentes funcionam como matéria-prima de criação, recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão.
Uma questão que chamou muito a minha atenção no texto de Krasilchik está relacionada a formação do professor, que não são preparados da melhor forma,  e, sabemos o quanto é necessário que se forme taç profissional com autonomia para planejar e com competência para agir de acordo com suas convicções, que sejam críticos suficiente para fazer uma análise pessoal sobre o valor educacional e sobre o potencial pedagógico das propostas inovadoras. E que o mesmo não deixe de buscar a cada dia o aperfeiçoamento da sua formação e atualização dos seus conhecimentos.

Para Paulo Freire (1996), o professor que não leva a sério a sua formação, que não estuda, que não se esforça para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua classe. Ainda citando FREIRE (1996), ensinar exige compreender que educação é uma forma de intervenção no mundo. E isso, é o que todo educador dever ter internalizado dentro de si.    
Após a leitura do texto de Krasilchik e fazendo uma correlação com os pensamentos de outros autores, alguns dele aqui mencionado. Passo a compreender que, tratando-se de ensinar Ciências, devemos sempre refletir sobre o que diz os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (PCN):

É importante que se supere a postura “cientificista” que levou durante muito tempo a considerar-se ensino de Ciências como sinônimo da descrição de seu instrumental teórico ou experimental, divorciado da reflexão sobre o significado ético dos conteúdos desenvolvidos no interior da Ciência e suas relações com o mundo do trabalho. É também fazer com que o aluno tenha a capacidade de identificar relações entre conhecimentos científicos, produção de tecnologia e condições de vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica. (PARÂMETROS CURRICULARES DE CIÊNCIAS NATURAIS, 1997, p. 22)



Diante do exposto, não restam dúvidas de que a Ciência é uma disciplina interdisciplinar, portanto, os seus conteúdos não podem ser tratados como assuntos isolados. E que nós como educadores devemos está acompanhando as tendências pedagógicas sim, mas com responsabilidade e domínio da mesma, para que isso venha refletir no educando não de forma negativa, mas de forma positiva para que o mesmo possa fazer uso disso para toda vida.
Pois, assim como o conhecimento está para além dos muros da escola, assim está o estudo da ciência. O professor deve libertar-se do velho paradigma de que ciência só se compreende nos velhos laboratórios das escolas ou na sala de aula e que a mesma não está atrelada com a matemática, com a língua portuguesa e com as demais disciplinas.



Referências:

SILVA, Tomaz Tadeu da. - Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do Currículo / 3. Ed. - Belo Horizonte: Autêntica, 2009. 156p.

FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Prefácio de Moacir Gadotti e tradução de Lilian Lopes Martin. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1979, 79 p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa/ Paulo Freire. – São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: ciências naturais / Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: Mec. SEF. 1997. 136p.









[1] Licenciando em Pedagogia da Faculdade Dom Pedro II. cauaguiargadita@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário