KRASILCHIK,
Myriam. Caminhos do ensino de ciências no Brasil. In: Em Aberto. Enfoque :
Qual é a questão? Brasília, ano 11; n° 55 Jul/Set, 1992. (4 a 8).
Por:
Cláudio de Aguiar[1]
O
presente texto trata-se de uma resenha crítica e reflexiva, partindo da leitura
do texto “Caminhos do Ensino de Ciências no Brasil” de Myriam Krasilchik, o
qual será aqui discutido e relacionado com outros conhecimentos adquiridos e
construídos pelo autor enquanto educando ao longo da sua formação acadêmica e, também
aprofundado com pensamentos de outros autores e bibliografias reconhecidos pelo
mundo acadêmico.
O
texto de Krasilchik (Caminhos do Ensino de Ciências no Brasil) traz uma
reflexão sobre as inovações e tentativas de melhoramento do ensino de ciências
não só no Brasil, mas também em outros países em que o mesmo se relaciona e
como isso tem afetado o currículo educacional não só da ciência, mas, também de
todas as outras disciplinas científicas. Afetando ainda outros níveis de escolaridade
como escola básica primária e cursos universitários, além de atingir vários
tipos de instituições, dentre elas, organizações de escopo internacional como a
UNESCO e a OEA, Ministério de Educação e Ciências e Secretarias de Educação de
Estados e Municípios de vários países em diferentes regiões do mundo.
Além
de abordar diversas questões a autora traz como idéia central a necessidade de
reformulação no ensino de ciências, para que de fato ocorra a educação em
ciência para todos e não para uma elite, educação essa, no qual através da
ciência o educando possa aprender a exercer a cidadania e, que ele seja capaz
de opinar e agir, que seja oferecido a ele (o educando) um ensino no qual o
professor venha prepará-lo para também participar dos processos decisórios
relativos ao desenvolvimento científico e tecnológico da comunidade em que ele
atua. E isso requer uma reformulação, uma revisão mais aprofundada no currículo
educacional do ensino de ciências sem medo de ser contestado.
Pois,
para Tomaz Tadeu da Silva (2009), o currículo não é o veículo de algo a ser transmitido
e passivamente absorvido, mas o terreno em que ativamente se criará e produzirá
cultura. O currículo é, assim, um terreno de produção e de política cultural,
no qual os materiais existentes funcionam como matéria-prima de criação,
recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão.
Uma
questão que chamou muito a minha atenção no texto de Krasilchik está
relacionada a formação do professor, que não são preparados da melhor
forma, e, sabemos o quanto é necessário
que se forme taç profissional com autonomia para planejar e com competência para
agir de acordo com suas convicções, que sejam críticos suficiente para fazer uma
análise pessoal sobre o valor educacional e sobre o potencial pedagógico das
propostas inovadoras. E que o mesmo não deixe de buscar a cada dia o
aperfeiçoamento da sua formação e atualização dos seus conhecimentos.
Para
Paulo Freire (1996), o professor que não leva a sério a sua formação, que não
estuda, que não se esforça para estar à altura de sua tarefa não tem força
moral para coordenar as atividades de sua classe. Ainda citando FREIRE (1996),
ensinar exige compreender que educação é uma forma de intervenção no mundo. E
isso, é o que todo educador dever ter internalizado dentro de si.
Após
a leitura do texto de Krasilchik e fazendo uma correlação com os pensamentos de
outros autores, alguns dele aqui mencionado. Passo a compreender que, tratando-se
de ensinar Ciências, devemos sempre refletir sobre o que diz os Parâmetros
Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (PCN):
É importante que
se supere a postura “cientificista” que levou durante muito tempo a
considerar-se ensino de Ciências como sinônimo da descrição de seu instrumental
teórico ou experimental, divorciado da reflexão sobre o significado ético dos
conteúdos desenvolvidos no interior da Ciência e suas relações com o mundo do
trabalho. É também fazer com que o aluno tenha a capacidade de identificar
relações entre conhecimentos científicos, produção de tecnologia e condições de
vida, no mundo de hoje e em sua evolução histórica. (PARÂMETROS CURRICULARES DE
CIÊNCIAS NATURAIS, 1997, p. 22)
Diante
do exposto, não restam dúvidas de que a Ciência é uma disciplina
interdisciplinar, portanto, os seus conteúdos não podem ser tratados como
assuntos isolados. E que nós como educadores devemos está acompanhando as
tendências pedagógicas sim, mas com responsabilidade e domínio da mesma, para
que isso venha refletir no educando não de forma negativa, mas de forma
positiva para que o mesmo possa fazer uso disso para toda vida.
Pois, assim como o conhecimento está para além dos muros da escola, assim está o
estudo da ciência. O professor deve libertar-se do velho paradigma de que
ciência só se compreende nos velhos laboratórios das escolas ou na sala de aula
e que a mesma não está atrelada com a matemática, com a língua portuguesa e com
as demais disciplinas.
Referências:
SILVA,
Tomaz Tadeu da. - Documentos de Identidade: uma
introdução às teorias do Currículo
/ 3. Ed. - Belo Horizonte: Autêntica, 2009. 156p.
FREIRE, Paulo. Educação
e Mudança. Prefácio de
Moacir Gadotti e tradução de Lilian Lopes Martin. Rio de Janeiro. Paz e Terra,
1979, 79 p.
FREIRE, Paulo. Pedagogia
da autonomia: saberes necessários à prática educativa/ Paulo Freire. – São
Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura).
BRASIL,
Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: ciências naturais / Secretaria de Educação
Fundamental. - Brasília: Mec. SEF. 1997. 136p.
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